domingo, 30 de abril de 2017

AMOR PELA TERRA


Moço, vem cá, por favor, deixa eu falar pro senhor

Pois rasgação de seda é coisa que não me satisfaz

E nesse cenário maravilhoso eu tenho amor pela terra
Porque o sol quando aparece no horizonte 
O céu fica brilhoso iluminando a serra
Mas quando bate a saudade eu corro pro Nordeste
Pros braços do meu povo sofrido
Que cava o torrão batido pra botar uma rocinha
Aí vem uma chuvinha então no mês de agosto 
Faz um pouco de lama, mas quando chega o verão 
O vento sopra do chão àquela fina poeira
Que se não fechar os olhos os coitados ficam cegos
Cobrindo até botão de rosa quanto mais quem passa lá
Nas bandas do sertão prateado quem gosta é a meninada
Aproveita o momento pra pegar bigu de caminhão 
Ou de carroça ajudando os pais na lida 
Pra não ver faltar o pão, agradecendo a quem desenhou
E construiu um mundo pra lá de bom.



Poetisa Mj, em 30/04/2017

sexta-feira, 28 de abril de 2017

SILENCIOSO AMIGO

Grande amigo silencioso que ficava num cantinho esperando a minha chegada sem reclamar salvando-me da solidão, e eu nunca me encontrava sozinho, então para ti meu pequeno gigante que me compreendeu como ninguém, que teve a oportunidade de abrir a tua porta para que eu enxergasse um mundo diferente lá fora, o qual eu mesmo não acreditava que existisse, trouxeste-me grandes conhecimentos num aprendizado perfeito, deixando que outras pessoas adentrassem na minha humilde moradia fazendo amizades construtivas, aí bastava tocar numa tecla, escrevia, gravava e guardava os meus pensamentos, poemas, poesias, contos, sentimentos, as histórias tristes e outras alegres, levando as letrinhas pelo mundo afora junto com as minhas imagens e outras fotos numa verdadeira prosa, inclusive as minhas canções silenciosas, sem falar que tu conhecias muito bem como eu sou, inúmeras vezes brigamos quando eu mesmo não conseguia te compreender, no entanto participaste ativamente das minhas conquistas e derrotas sem nada pronunciares, apenas concordaste grande companheiro que o tempo e o suor do rosto deu-me como valioso troféu, e agora com carinho, afirmo em alto e bom som que fizeste parte do meu viver, pois foi através de ti que bati em outras portas a fim de captar novidades e sabedoria com uma enorme proeza de vida e fé, e foi contigo meu companheiro diário, que muitas vezes encontrei uma palavra de conforto e luz divina me guardando e amparando, fazendo-te nesta tarde esta pequena homenagem, portanto não canso de falar que aqui vivemos nós três: Deus, tu e eu meu computador, porém tu sabes muito bem que um dia tudo acaba porque não somos donos de nada, e assim me despeço com o meu cordial obrigado pelo tempo que passamos juntos, dividindo o mesmo espaço.

Escritora Mj, em 28/04/2017

segunda-feira, 24 de abril de 2017

MURRÃO, O GATO

Bem que diz o ditado: fazer juízo errado é trapaça, o importante é ser direito!
Certa vez estava mal, sozinho e sem ter com quem conversar, aí apareceu um bichano no meu quintal, porém como não o conhecia pedi que se retirasse porque este não era o seu lugar, mas com tanta insistência acabei aceitando a sua companhia. - Eita valha-me São Francisco de Assis, protetor dos animais, até para pedir comida tu choras igual criança, e mesmo com a pança cheia não podes ouvir bater num prato, eu já não aguento mais, e de tanto ouvir o teu miado numa grande latumia, o teu nome será Murrão porque tu és um grande turrão! Ele se fez de rogado e depois para me tapiar balançou a cauda peluda para lá e para cá. - Um dia falei, Murrão tu toma tenência que te ponho daqui para rua! E ele respondeu que não precisava daquela violência, aí saltou com a artilharia, - Quem és tu que me apontas o dedo com a tua verdade nua e crua? Tu vives me dizendo que eu sou brigão, mal educado, grosseiro, malcriado e tosco, mas isso é o que vês por fora e tu não procuraste saber da minha agonia de enfrentar leões por dia ao redor deste torrão, é o que dá fazer juízo errado de quem não conhece, no entanto tu sabes que sou polido, delicado e cuidadoso, atencioso, comedido e muito bem criado, vês a casca por fora, e o coração por dentro tu não enxerga. - Oh, Murrão diz isso não, eu respondi, te dei casa e aconchego, um prato de comida e para dormir um sofá, e agora tu queres brigar comigo, vem cá, meu nego e deixa isso para lá, simbora viver a vida que nos resta porque de briga o mundo já tá cheio, e eu não vou te abandonar!
Escritora Mj, em 24/04/2017

domingo, 23 de abril de 2017

O AMOR DEIXA SAUDADE

Rei do mar é o tubarão, e na terra é você que ocupou meu coração!
Acredite, pois
O amor não tem cor e nem idade
Mas quando acontece
É um tiro certeiro
Na direção da gente apaixonada
Falo isso com sinceridade
Para que meu bem não ouça 

E nem veja que o amor deixa saudade
É tão profundo que dói na alma
O peito fica arrebentado
O coração despedaçado
Pede um beijo 
Na hora da despedida.
Poetisa Mj, em 23/04/2017

sexta-feira, 21 de abril de 2017

LACUNA DO TEMPO

Vem e celebra comigo
Mais um lindo alvorecer
Eu te quero por inteiro
E não pela metade
Pois sinto o cansaço apalpar
A ossada quebradiça
Há quem diga que é preguiça
Eu repito que é a idade
Mas se não for, por bondade
Não ligue para o que falo
Porque já passei pelo ralo
Do canal de Suez
Com muita dignidade.
Porém sinto florir na tez
O doce e pleno sorriso
Que de longe vê no rosto
A serenidade no olhar
E na expressão facial
Após larga escala de desgosto
Já que a vida é como o tempo
Passa igual o vento na clareira
Deixando a lacuna aberta
No peito de um bem querer
Sem nenhuma brincadeira.

Poetisa Mj, em 21/04/2017

quinta-feira, 20 de abril de 2017

INESQUECÍVEIS MEMÓRIAS

As doces e inesquecíveis memórias escritas nas páginas da vida...
Na areia deserta desenhei vários castelos então soprava um vento forte e eles se desmanchavam como num passe de mágica, e o que me restava era apenas chorar desolada num cantinho por causa daquela construção inacabada, porém continuava firme nos meus propósitos, e minha pobre mãe quando via e ouvia o meu choro vinha ao meu encontro para me consolar com palavras doces, - Por enquanto, minha filha, dizia ela, você ainda é uma criança numa miniatura de gente, mas quando crescer tenha cuidado, porque passará em vários jardins proibidos da vida e no momento certo saberá o que estou a dizer, entretanto haverá uma luz no fim do túnel a qual iluminará seus caminhos e daqui uns tempos, talvez chegue a ser a própria cinderela louca adormecida através de um feitiço, mas com certeza acordará na hora certa; que você crescerá e os seus fantasmas continuarão rondando por perto; que o céu será o limite para os seus anseios, e quem sabe poderá vir a ser uma cantora renomada para emocionar o mundo, ou mesmo a si própria, e um dia chegará a algum lugar e as letras serão as suas companheiras inseparáveis, porém não se preocupe, pois aparecerá sempre uma mão amiga lhe amparando e lhe livrando dos perigos, então meu anjo, quando chegar o dia certo, não desperdice essa chance, agarre com unhas e dentes e lute feito uma leoa para defender o que é seu por direito, porque é essa chance que lhe levará ao futuro; respeite e reconheça para ser respeitada e reconhecida, uma vez que nada é para sempre, somos apenas uma nuvem passageira neste mundo e nunca desista de lutar e acreditar nos seus sonhos apesar das faíscas do fogo ardente, e eu o que tenho a lhe oferecer são os seus estudos, até quando e onde você puder chegar, porque esse será o seu brilhante futuro num legado que ninguém poderá lhe tirar, e muito em breve não estarei mais aqui para ver a pessoa que você se tornou. - Sua mãe era uma verdadeira sábia, minha amiga, falei, resta saber se você seguiu direitinho todos os conselhos que recebeu. - Ah, meu amigo, respondeu Thátila, ainda não cheguei ao fim da estrada e aqui estou eu sonhando alto novamente, e para falar a verdade não fui cantora, não sou atriz de cinema e nem da televisão, sou apenas eu mesma, uma mulher que nunca esqueceu seu passado e nem as suas raízes, e como mamãe costumava dizer na sua profecia, encontrei várias pedras no caminho, caí, levantei, ergui e ergo a minha cabeça todos os dias e vou seguindo em frente sem medo, porém do meu jeito simples porque o mundo é um grande teatro e devemos estar preparados para cada ato que é apresentado, no entanto cada vez que pego na caneta e no papel, vou descobrindo um reino encantado e escrevendo a minha trajetória nas páginas da própria vida como doces e inesquecíveis memórias. O telefone móvel tocou e num movimento brusco olhei para o céu e vi as nuvens carregadas cobrirem todo o infinito, a qualquer momento podia chover e não estávamos em local seguro, aproveitei e me despedi de Táthila com um até breve porque precisava assimilar a nossa conversa.
Escritora Mj, em 20/04/2017

terça-feira, 18 de abril de 2017

NOITE MÁGICA

Sentindo o coração inundado
Das gotas do orvalho da manhã
Pois a noite é o templo sagrado
Onde desvenda segredos da natureza
Antes nunca revelados
Que explodem na escuridão
Aprisionada nos braços da poesia
Em cada verso do amado senhor
Por alguns segundos com emoção.
E num momento de magia
As mãos percorrem o corpo
Num perfume inebriado
E em cada toque da mente
Rufam os tambores com frenesi
Desligando-se do mundo
Enlouquecendo de prazer
Deixando fora de si o universo
E embriagado da poesia
Nos delírios de amor.

Poetisa Mj, em 18/04/2017

segunda-feira, 17 de abril de 2017

ESPERANÇA RENOVADA

A esperança é renovada em cada amanhecer!
No verde campo da terra
Onde canta o sabiá
Tem água, mar e sol a brilhar
Floresce tudo a contento
Na seca semeia o lamento
Mas nem tudo se pode criar
O devoto nordestino
Carrega nas costas seu destino
Saindo na procissão
Soltando lágrimas dos olhos
Levando o rosário na mão
Olhando pro céu ajoelhado
Na boca uma oração forte
Pedindo pra Virgem Maria
Ter pena do pobre coitado
Morador do sul e do norte
Chegando a estação das águas
A chuva começa cair
Em gotas de ouro maciço
Molhando o torrão batido
Dando tempo do homem plantar
Vasto pasto e longe o roçado
Crescendo toda vegetação
Pra engorda do gado leiteiro
Renascendo mais uma vez a esperança
Pro morador do sertão
Então é hora de agradecer
Ao padre Cícero Romão Batista
E em romaria lá se vão
Pra cidade do Juazeiro.


Poetisa Mj, em 17/04/2017

domingo, 16 de abril de 2017

PRA ONDE O SENHOR VAI?

Lembranças do passado que permanecem guardadas na memória...
Incandeia, gigante, incandeia os sentidos da aurora retumbante, incendeia os sentimentos reprimidos porque vivi em um tempo de glória, deixando explodir de momento, e agora relembrando os tempos da infância idade em que as crianças são curiosas, as coisas, as pessoas, os animais, as plantas, enfim, não tinha nada que passasse despercebidas das suas visões de raio x e nem dos seus ouvidos apurados, também naquela época quase não existia a tecnologia, o telefone residencial só servia para quem tinha poder aquisitivo maior e na capital, e no interior televisão para o pobre nem pensar, um bicho de sete cabeças, luz elétrica alguns tinham nas suas casas, outros não porque ultrapassava as despesas, então à noite acendiam-se os candeeiros a vontade, e no verão os pais estendiam as esteiras nas portas das casas para prosear com os vizinhos, nas ruas não existiam calçamento, via-se muito barro, areia, buracos e quando chovia a meninada fazia festa na lama e depois corria para tomar banho nas biqueiras das casas, podia-se brincar livremente de boto, casinha, esconde-esconde, bola na mão e no pé, cantar nas rodas de cirandinha, sentar aos pés dos mais velhos e ouvir as suas história mirabolantes, faz de conta e muito mais, porém quando a criança se tornava maluvida, ou seja, teimosa, a mãe gritava,- Lá vem o Beleza! Ou então, - Olha o Chupetinha aí! Caramba, não ficava ninguém na rua, cada um procurava a sua casa. Beleza e Chupetinha foram duas figuras folclóricas que realmente existiram, passavam nas ruas regularmente, entretanto não mexiam com ninguém, a não ser que algum moleque dissesse alguma coisa errada, então vinha o xingamento do outro lado, mas naquele tempo os pais faziam tanto medo aos filhos que eles cresciam acreditando que os referidos senhores pudessem fazer algum mal, e isso nunca foi verdade, só vimos perceber essas coisas após a maturidade, o primeiro andava todo sujo, roupa velha, rasgada, um saco pendurado nas costas cheio de tranqueiras que encontrava nas ruas, e não deixava de carregar no ombro um feixe de lenha, ele tinha uma barba comprida e esbranquiçada que descia até a cintura, usando na cabeça um chapéu muito velho, já o Chupetinha, um homem de certa idade andava com uma chupeta na boca, dizem que ele era ruim das ideias, e até hoje nunca soube os seus verdadeiros nomes sem falar na mulher que servia de guia para um cego pedir esmolas, e se por acaso ela parasse, ele falava, - Olha, o sirviço, Lurdes! Também tinha a “Maria Topada” que metia medo e uma vez encontrando com ela cara a cara quase morri de susto, nem sei como consegui retornar para casa, só sei que tremia muito e não me aguentava nas pernas, agora existia um cidadão por alcunha de “Zé Aleijado” que quando ouvia pronunciar o nome dele eu tapava as orelhas, e por incrível que pareça até hoje sinto arrepios no peito, o pobre homem já nascera defeituoso do corpo, era um exímio sapateiro e a varanda da sua casa servia de budega, e de parada dos viajantes que chegavam das redondezas, montados em cavalos, carroças, carros de boi, etc, porque ali eles amarravam os seus animais, ingeriam um gole de pinga e saiam para comprar mercadorias na feira livre, depois retornavam, pegavam os seus animais e iam embora como chegara, e naquela época para ir à escola mais próxima só tinha duas opções, uma mais rápida na frente da casa do senhor acima referido e a outra, tinha que passar por baixo de arames farpados, atolar os pés no lamaçal, atravessar plantações de capim até alcançar o prédio do grupo escolar, e esse era o caminho escolhido, vejam só o que o medo não faz com a gente. Muitas décadas depois, retornando ao lugar de origem, já refeito dos sustos, e numa noite de verão ele foi convidado para uma festa na casa de uma amiga a qual fazia anos que não a via pessoalmente, e nessa empreitada acompanharam outros dois amigos, e lá vai o jovem bem faceiro, acreditem ou não estancou no meio do caminho como um animal acuado porque tinha que passar na frente da casa do homem que lhe metia medo,  - Desisto, dusse ele, não vou mais para essa festa! - Ora, você chegou até aqui conosco e agora quer desistir, não vai fazer isso, estamos juntos, vamos embora! - Não tem quem me faça passar na frente da casa do “ seu Zé Aleijado”! - Ah, é isso! Então você não soube, o homem faleceu há muitos anos, responderam os amigos, derrubaram a casa dele, veja, apontaram com o dedo, hoje o local agora serve de entrada para chegar até aquele condomínio, e nós pensávamos que você já tinha superado os seus medos da infância. - Ledo engano, falou, alguns consegui superar sim, há muito custo, mas esse estava adormecido e agora acordou a todo vapor, mesmo assim os amigos o agarraram pelo braço, então resolveu fechar os olhos e atravessear a avenida, porém até hoje não passou mais lá, pelo menos sozinho, segundo ele, mas deixando os “entretantos”, retorna ao local de onde parou, pois bem, quase todas as noites eu saia ao encontro de amigos para nos divertimos um pouco e num determinado endereço, fazia questão de parar, pois o senhorzinho quando me via ficava alegre e me convidava para ver a televisão nova que comprara, e ele dizia assim, - Entre pra dento, meu fio, simbora vê o jorná qui já devi de tê começado, vô ligá no canaro sete pra mode vê se num tá fora do aro, eu ficava alegre com o convite feito, entrava e me sentava em um enorme sofá de madeira, então ele ligava a televisão que chuviscava muito e sentava-se ao lado numa cadeira de balanço bem antiga, mesmo assim ouvia o repórter dizer, - Boa noite! - Boa noite meu amiguinho, respondia o senhor, aquilo era inusitado, e eu não perdia a oportunidade de ver uma cena tão inusitada, seu Januário fazia questão de responder o boa noite do repórter. - Meu fio, dizia seu Januário, ele mim cunhece já fais muitos anos, e toda noite me comprimenta! - Ah, tá certo, eu respondia, pois não era doido dizer o contrário, e nessa mesma pequena cidade do interior morava outro senhorzinho, magrela, viúvo, cabelos branqueados pelo tempo, brincalhão com as pessoas, de bem com a vida, e uma vez por mês, saia de casa todo engomado para resolver negócios pendentes, desfrutando da companhia da sua filha mais nova que o acompanhava, os vizinhos, quando o viam arrumado, perguntavam, - Pra onde o Senhor vai? Ele respondia empolgado, - Ara, vô buscá o meu carneiro do inapecite! Na realidade, o referido senhor saia em busca do carnê do INPS-Instituto Nacional da Previdência Social hoje, INSS-Instituto Nacional do Seguro Social, porém ele estava aposentado e nem precisava do referido carnê. Lembrei também do “Pisa na Fulô”, homem trabalhador, alegre, alto, careca, gordo e barrigudo, que aos domingos vestia o seu terno preto, impecável, botava a bíblia embaixo do braço sem esquecer o guarda chuva preto o qual servia de bengala e seguia para a igreja, tinha um andar engraçado que as crianças conseguiam imitar direitinho, e eu, claro, era uma delas, por isso não perdia a oportunidade de imita-lo, ainda bem que ele não ficava incomodado com as imitações, pelo contrário, ria muito alto e nos incentivava, e por falar em igreja, disse ele, naquela época os vestidos das mulheres eram rodados cobrindo até o calcanhar e assim elas participavam das missas campais e acompanhavam as procissões, gostavam de sentar na praça, nossa, eu, muito moleque, juntava-me com os outros e amarrávamos as pontas das saias uma das outras e quando elas se levantavam não conseguiam andar direito e algumas até tropeçavam, sem falar que estavam cantando o “bendito louvado seja”, aí elas aproveitavam a deixa e nos davam a resposta certeira, - Mininos, fios duma égua, vão amarrar a saia da sua mãe, e sem perderem a classe continuavam a ladainha do bendito, coitadas das nossas mães que jamais desconfiaram das nossas travessuras feitas em cada esquina com direção certa, mas chegamos á maturidade propriamente dita, e cada um de nós tomou consciência de que é preciso olhar a vida de outra maneira, sem deixarmos de lado as alegrias do distante passado que permanece na memória. Após anotar no caderno a história do meu amigo Juca, agradeci imensamente por ter sido o escolhido para fazer esse conto.  


Escritora Mj, em 16/04/2017

sexta-feira, 14 de abril de 2017

GRATIDÃO

A Ti Senhor, rendo as devidas graças, e agradeço imensamente pela oportunidade dos meus olhos perfeitos enxergarem o quão linda e maravilhosa são as Tuas obras, pois como idealizador, arquiteto, engenheiro e construtor desta imensidão, Estás sempre nos amparando embaixo do véu das nuvens ou do límpido azul deste céu infinito, abrindo portas e acolá outras janelas a fim de que a luz do conhecimento ilumine a clareira da inteligência através da mente para criarmos, fazendo com que a mãe natureza nos dê o que precisamos porque no verde campo desta terra podemos retirar o alimento sagrado para as nossas vidas através do ar, da água, do pomar, do roçado, da pesca, da caça, da palhoça embaixo dos arvoredos para nos abrigar do frio; que em retribuição possamos espalhar o amor do nosso irmão Jesus Cristo que venceu a morte e está em todo lugar, porque Ele é o verdadeiro Rei dos reis e a Luz da luz que ilumina os nossos caminhos não nos deixando fraquejar, porém se cairmos, que tenhamos a coragem de assumir nossos erros, pedindo perdão, levantando a cabeça e seguindo em frente num novo recomeçar. Que assim seja.
Escritora Mj, em 14/04/2017

quinta-feira, 13 de abril de 2017

A LIBERDADE DA NATUREZA

NA SUTILEZA DO TEMPO, AGRADEÇA PELA JORNADA SEM RECLAMAR DA VIDA...
Pela porta entreaberta
Tem uma bela visão
Na liberdade da natureza
Ao ver o clarão do dia
Num lindo alvorecer
É o sol que desponta
Fazendo a sua caminhada
Em forma de poesia
Como o primeiro botão de rosa
Liberado pela roseira
Numa airosa delicadeza
É magia que encanta os olhos
Num abraço compulsivo
Comprimindo a pulsação
Daí o espírito fica alerta
Em profunda sintonia
Com a grandeza do coração
Sem reclamar da jornada
Agradecendo pela vida
Pois a pobreza
É a esposa da humildade.

Poetisa Mj, em 13/04/2017

terça-feira, 11 de abril de 2017

O OVO E O COELHO

De manhã muito contente
Zé Coelho foi pro mercado
E ao chegar comprou um ovo
Enrolado pra presente
Com um pacote de chá-mate
Correu direto pra casa
Pra Dona Coelha chocar
E após o desjejum
Tascou um beijo na companheira
E de mansinho saiu pra trabalhar
Mas ao retornar muito cansado
Ficou tão assustado
Que deu um grande pinote
Com o cabelo arrepiado
Então perguntou desconfiado
Cadê o ovo
Que mandei você guardar?
Ora respondeu a mulher
Toda branca e de orelha em pé
Fazendo um gracejo
Aqui não tem ovo nenhum
E aquele que você trouxe
Era de chocolate e derreteu
E na toca pode olhar
Que a meninada comeu
Pois todo ano é a mesma coisa
O que não falta é filhote
Que não para de se multiplicar
Então aproveito pra lhe aconselhar
Vá dormir que o seu mal é sono!

Poetisa Mj, em 11/04/2017

segunda-feira, 10 de abril de 2017

POESIA MUSICADA

FELIZ SEMANA SANTA PARA TODOS.
As quatro da madrugada
Ouço de longe a gritaria
É o galo avisando
Em poesia musicada
Que o sol vem surgindo
Mexendo com a bicharada.
Então no raiar do dia
As aves de arribação
Voam com alegria
No sertão nordestino
Acordam homem, mulher e menino
Que buscam água no barreiro
Preparam o café
E cada um pega seu destino.
Já o agricultor
Com o rosário no pescoço
E a enxada na mão
Sai cantando a ladainha
Que dá gosto
Acreditando no futuro
E sem perder a fé
Vai plantar um roçado

Com delicadeza
Pra no mês de agosto
Não ver faltar o pão
Na sua mesa.
Mais adiante o vaqueiro
Montado no alazão
Leva o gado leiteiro
Pra fazenda do patrão.
E quando termina a lida
Já no clarão da fogueira
E ao som da viola
Vão matando o tempo
E inventando brincadeira
Até chegar a hora
Da despedida maneira
E enfrentar nova labuta
Logo de manhãzinha.

Poetisa Mj, em 10/04/2017

sábado, 8 de abril de 2017

NINHO DE AMOR

É um "se" daqui e outro acolá, porém o que vale é sonhar.
Se eu tivesse o dom de desenhar
Mil coisas eu desenharia
Mas como não tenho esse poder
Colhi rosas no jardim
Igualzinho ao beija flor
Nesta manhã fria
E cheia de emoção
Fiz esse lindo buquê
E trouxe pra alegrar seu dia
Porque na vinha foi preparado
Um beijo para o amado
E tudo que tinha foi dado.
Mas se eu fosse uma aranha
Teceria com artimanha
Um lençol de cetim
Pro meu amor se aquecer
Enfatizando o desejo
Como fonte de inspiração
De ter você pra mim
Incendiando meu coração
Numa luta desvairada
Seguindo o rumo do vento forte
Nesse ninho de amor
Avançando pro lado norte
Lhe retirando toda dor
E só a morte nos separaria.

Poetisa Mj, em 08/04/2017

sexta-feira, 7 de abril de 2017

O ANDARILHO

Andarilho meu amigo
Ouça bem o que lhe digo
Eu ando sozinho a vagar
Perdido com meus pensamentos
E talvez esteja sendo castigado
Porque sonhei acordado
Alguns deles eu pude realizar
Os outros eu nem lamento.
Só sei dizer que nasci
E cresci no meio do mato
No torrão seco da caatinga
Dormi no chão puro
Tendo as estrelas como cobertor
E pra não passar fome
Fiz de tudo um pouco.
Não estudei na escola de bacana
Porem não sou ignorante
E nem tão pouco um banana
Pois foi com o aprendizado da vida
Que adquiri sabedoria.
Mas aqui dentro do sertão
Eu tanjo gado leiteiro
E ainda ajudo meu irmão
A colocar um roçado
Nas terras do fazendeiro.
No entanto hoje é diferente
O dia está terminando
E não me sinto vencedor
Vou pra casa descansar
Sozinho e sem amor
Porque a mulher que eu amava
Arranjou outro e me deixou
Numa profunda solidão.
E pra terminar meu relato
É errando que se aprende
Com as dores do coração.

Poetisa Mj, em 07/04/2017

terça-feira, 4 de abril de 2017

TERNURA EFERVESCENTE

De todos os sentimentos, a chama do amor aquece a vida.
Construí uma casinha transparente
Ladeada dos bons sentimentos
E de ternura efervescente
Que envolvem o coração
E a transformei numa mansão
Para a habitação do meu amor
Dentro dela não haverá sofrimento
Prometo só momentos de prazer
Cobrindo-te todinho meu amado
De carinho, abraço e algo mais
Com beijinhos e palavras satisfatórias
Porque a tua presença
Faz-me ver constantemente
Que estás nos meus pensamentos
Sem cessar a todo instante.

Poetisa Mj, em 04/04/2017

segunda-feira, 3 de abril de 2017

ILUSÃO FANTASIOSA

O tempo é o senhor da razão!
O glamour bem conhecido
Pelo corpo prateado
Desfilou numa redoma de vidro
Navegou em águas paralelas
Foi amante do prazer
E se entregou
Na tosca fantasia da ilusão.
Porém hoje é esquecido
Igual estrela decadente
Opaco, sem vida e sem luz
Vagueando na escuridão
Girando ao redor de todos
Igual flor adormecida
Totalmente órfão de amor
Andando só e atormentado
Ele pode ser feliz por fora
Mas por dentro sua alma chora
Numa explosão de sentimentos.
Então no vento fresco da noite
Abrandando o calor do dia
Flutua os pensamentos
Numa profunda agonia.
O coração chora baixinho
Pra que os olhos não percebam
E não façam redemoinhos
Das mal traçadas linhas
No inquieto rosto fatigado
Ansioso por um sorriso do amado.

Poetisa Mj, em 03/04/2017

sábado, 1 de abril de 2017

COMBOIO

RECARREGUE A BATERIA E LUTE BRAVAMENTE POR MELHORES DIAS!
Lá vem o comboio descendo
A serra em velocidade
Um monte de ferro quente
Entrando na cidade
A dez léguas de distância.
E o povo que ali viaja
Morre de ansiedade
Entre a porta e a janela
Quando o trem para na estação.
E todos que passam por ela
Nem imagina a situação
Porém vê ali grande bonança
Fazendo vibrar o coração
Num porto de calmaria.
Foi assim que a minha tia
Viu a luz no horizonte
E ela mal sabia
Que seu destino estava traçado
Pois passou maus bocados
Sem conhecer ninguém
Mas usou a força de um elefante
Com muita sabedoria
Pra ganhar o pão de cada dia.

Poetisa Mj, em 01/04/2017