quarta-feira, 28 de abril de 2021

REALIDADE OU ILUSÃO

Há muitos e muitos anos, numa época distante, ruas, becos e avenidas eram repletas de gente e de automóveis, apesar de juntos e misturados ninguém parava para cumprimentar o próximo, não havia diálogo, andavam cabisbaixos, os olhos voltados para os relógios e aparelhos eletrônicos de última geração, para as notícias do mercado de capitalização, poder, ódio dos menos favorecidos, cobiça, luxo, riqueza, comilança, festas, xingamentos, traições, rivalidades, preconceitos, inúmeros conchavos e acordos ao bel-prazer, comércio abarrotado de bugigangas com valores altos para quem pudesse comprar.
E sobre a natureza?
- Quem é essa senhora que não fora devidamente apresentada?
Ninguém a conhecia, a preocupação maior sempre foi o desmatamento descontrolado, encher os canais, rios, lagoas e oceanos com lixos de várias categorias, então quando chovia o povo se alarmava com as enchentes e a destruição que ela causava, mas isso acontecia porque a própria mãe natureza cobrava seu espaço ocupado pela ganância do ser (des) humano que não se contentava com o que tinha, queria mais e mais.
- Mas não é só o vinho que deixa um amargo sabor!
Coitados dos animais, eles viviam em alerta máximo, pois além das quedas ainda tinham que aguentar os coices do fogaréu tomando a liderança e alastrando-se, destruído toda vegetação rasteira e costeira das florestas, tudo isso pela maldade causada no muro da impunidade humana.
Coitados dos animais, encurralados na imensa nuvem de fumaça, naquele momento eles nada podiam fazer contra a força brutal empregada pelo homem sem coração, não tinha quem os socorresse do perigo da escuridão, ficavam a mercê dos bombeiros, homens humanitários que faziam de tudo para salvar alguns deles, e das chuvas enviadas do céu para renascerem das cinzas.
- Pobres mortais cegos e ignorantes!
Também naquela época, o espaço sideral fora preenchido com naves espaciais para descobrirem novos planetas habitáveis, aviões multicolores cortavam os céus, suas luzes se misturavam com o brilho das estrelas, ninguém sabia quem era o que.
Cadê os cumprimentos, abraços e beijos?
- Sumiram!
Por onde andavam as famílias, será que elas existiram propriamente, ou fora ilusão?
- Existe família perfeita neste mundo? As brincadeiras com os filhos, as reuniões ao redor da mesa do almoço e jantar, o chá, o cafezinho, enfim, perderam-se no tempo e no espaço!
O amor existia?
- No coração de alguns, sim, existia e ainda existe o amor verdadeiro, outros, no entanto, o confundiram e confundem com paixões avassaladoras, porém passageiras!
Mais adiante, quando muitos se julgavam os “reis e as rainhas da cocada preta”, e por ironia do destino, se é que existe, eis que apareceu uma novidade inesperada, a mídia escrita e falada divulgou algo diferente que abalaria a estrutura do mundo.
- Sim, lembro-me bem desse episódio, uma convidada especial chegou de mansinho, às escondidas e na calada da noite, registrou-se com o nome de COVID-19!
É verdade, ela não gostou de fixar residência num só lugar, de repente descobriu que podia viajar tranquilamente pelos países sem ser perturbada, tratou de confeccionar o passaporte com o nome de PANDEMIA, pegou sua mochila, voou pelos ares e se espalhou pelos quatro cantos do planeta.
- Meu irmão pense num “labafero do troço”, foi um corre-corre de arrepiar!
Dona Pandemia fez um estrago tão grande nas estradas, e não restou pedra sobre pedra, pois os que se julgavam sãos, adoeceram, deram entrada nos hospitais...muitos não resistiram, outros escaparam, restando as sequelas...
- Num instante os habitantes descobriram que tinham casas, pais, mães, maridos, esposas, filhos, enfim, uma família para se apoiarem!
Havia os descrentes daquela história mirabolante, os chamados “negacionistas”, os que não acreditavam na ciência, uma verdade relativa aplicada no “ceticismo” na constante busca do conhecimento, totalmente diferente daqueles que não se conformavam com aquela situação, alguns metidos a valentes foram para as ruas, deram com “os burros n’água”, pois os alertas estavam por toda parte, o medo daquela guerra invisível dizimou corações, os olhos deixaram de sorrir, lágrimas foram derramadas, inclusive os poetas escreveram sobre esse tempo, mas isso é outro caso.
- Quem sou eu? Qual é a minha verdadeira identidade? Por que estou aqui? De onde vim? Para onde irei?
No meio dessa tempestade toda, sabe-se que houve uma limpeza no planeta...
- Sim, passaram-se décadas, e se foi farsa ou não, cedo ou tarde o próprio tempo dará a resposta exata, porém faz-se necessário viver com coragem e manter vivo o sonho da liberdade!

Mj, em 28/04/2021.

sábado, 24 de abril de 2021

ETAPA CUMPRIDA

Ainda dá tempo de apreciar as flores ao redor, sentir seu perfume espalhado ao vento, agradecer pela vida que é apresentada todos os dias e aproveitar as pequenas coisas que a própria vida tem para oferecer, isso é uma forma de carinho.
Jamais diga que não tem tempo e não se acha capaz de realizar alguma coisa, transforme-se, o tempo existe, basta parar no acostamento da vida, pensar um pouco e encontrar a resposta que está dentro de você.
Sonhe, você tem esse direito!
Existem os obstáculos incrustados no caminho, mas precisa ter paciência para transpô-los, ser tolerante, erguer a cabeça, olhar firme para o horizonte e seguir, pois um bom lutador nunca foge da luta.
Não olhe para o passado, ele ficou lá atrás, o importante é viver o hoje, pois lá se vai à idade, devagar, bem diferente uma vez que o tempo passa veloz no silêncio do mar.
Já o amanhã será um novo dia, com novas oportunidades!
Com mais uma etapa cumprida, siga adiante na estrada da vida!

Mj, em 24/04/2021.

sexta-feira, 23 de abril de 2021

O RELÓGIO E A BORBOLETA

Ao pousar na janela, sentiu o perfume das flores, viu alegremente aquela transformação num despertar caliente de arrepiar, a encantar toda gente fascinada com o romper da aurora antes do aparecimento dos raios solares, cores lindas são apresentadas no encontro matinal do sol com a terra, revelando o quão bela é a natureza.
Os pássaros acordam saltitantes na revoada do amanhecer, de par em par, ou individualmente, ensaiam melodiosos cânticos em agradecimento por mais um dia de vida, porém ela fazia enorme esforço para tentar engolir os sarrafos da decepção, uma das asas estava se deteriorando lentamente. Assim passou o dia guardando algo que lhe fazia mal, não havendo outro lugar para passar a noite, preferiu entrar e esperar por algo impossível de acontecer.
Recostada no velho sofá arrumado no cantinho da sala, fitando o relógio e seu constante tic-tac, aquele movimento fez com que fechasse os olhos a refletir na madrugada e encontrando-se sozinha, sem ninguém para ouvir o que tinha a dizer, restava apenas ela e o soluço maltratando o cansado peito porque caiu no esquecimento do casulo que tanto admirava.
Sabedora que outra borboleta mais experiente atravessou aquele caminho torto, e vendo as mudanças acontecerem, sentia vontade de gritar para alguém que o tempo não perdoa, ele voa, e que não se sentia culpada de mandar no próprio sentimento, chegando à conclusão de que o jogo do tempero acabou e tudo não passara de uma doce ilusão misturada na fantasia do sonho da pouca idade, porém jamais esqueceria os bons momentos vividos sem trapaça.
Fundamentada através do pensamento, reconhecendo que perdeu, e sem mágoa no coração, a borboleta solitária deixa calar para sempre a cantoria do violão desafinado guardando-o na sacola, muito embora solitário, ainda chora seu pranto de dor, um triste pranto com saudade sem fim do amor que criou asas e voou do jardim...

Mj, em 22/04/2021.

segunda-feira, 19 de abril de 2021

REFÚGIO INTERIOR

Num véu de portas fechadas,
Alinhadas no horizonte,
O sol aparece frio e acanhado,
Influenciado pelas nuvens que cobrem o céu.
Ouço os sons de chuva no telhado,
Enquanto as notas do piano espalham-se calmamente,
E aquele compasso no tempo,
Deixa o ambiente harmonizado.
Nos momentos de refúgio interior,
Transpassando o próprio tempo,
Esvaem-se as dores sofridas,
Na emoção do verdadeiro acompanhamento.
O pensamento perambula aparvalhado,
Pois há um quê de misteriosa magia,
A qual serve de subterfúgio nas dificuldades,
Fortalecendo-me espiritualmente.

Mj, em 18/04/2021.

segunda-feira, 5 de abril de 2021

EU NÃO SEI SE O SENHOR SABE

A luta continua, mas o importante é não perder a esperança! Boa semana!
Sou caipira nordestino, nasci lá no sertão,
O que eu sei fazer desde menino
É plantar um bom roçado, cultivar e colher,
Depois vender na feira da cidade,
Pra ganhar o pão com muita dignidade.
Dá dó até de contar que sofri um prejuízo
Prejuízo dos grandes, daquele de amargar,
O causador foi um furão enxerido,
Vizinho do formigueiro, ele comeu as flores vingadas,
E acabou com a lavoura plantada no meu terreiro,
Eu fiquei tão aperreado e sem dinheiro pra pagar
A primeira prestação assinada,
Então botei o pé na estrada pra falar com o fazendeiro,
Quem sabe, ele me daria um prazo maior...
- Patrão, eu não sei se o senhor sabe o que aconteceu comigo,
A real situação parece até um castigo,
Meu coração chora de dor!
Após contar o ocorrido e ouvir dele um sermão,
Sem perder de vista o sorriso matreiro,
Saí de lá escorraçado e cabreiro,
Perdi até a casinha amada, construída com as minhas mãos.
Carece ter juízo pra não cair,
Mas quem tem fé em Jesus não padece,
Pois quando o sol resplandece,
Deixa-nos pronto pra lutar e vencer.
Mj, em 05/04/2021.


 

sexta-feira, 2 de abril de 2021

O HOMEM E O TEMPO

Ao elevar o pensamento, a tristeza é levada pelo vento!
No vigor da velhice,
Aproxima-se uma nova era,
Aparece a sinistra sombra
Encobrindo a primavera.
Perde-se nitidamente a alegria
Quando o sol angelical enrubesce
O frescor da juventude.
Diante da escuridão do dia
Que paira normalmente no quintal,
Estreita-se a passagem alvissareira
Entre o homem e o tempo,
Ampliando a solidão tropical
Na cidade adormecida,
Enquanto o coração dá adeus
As engrenagens da vida,
Porém não significa o fim,
É apenas a conexão de um novo canal!


 Mj, em 02/04/2021.