terça-feira, 25 de outubro de 2016

GERAÇÃO LOUCA


Seu moço peço a palavra, escute, preste atenção pras coisas que vou falar, eu vi demais ou talvez não esteja bem acostumado com tecnologia, modernidade, perfeição e algo mais, porque é um tal de entra e sai da nova geração no computador e toda mocidade, e isso já alcançou sítios e os povoados, e no meu tempo de menino, nos confins lá do sertão nada disso acontecia, nós botávamos roça de algodão, tinha milho, feijão, o sol e a lua pra poder iluminar, mas depois chegou a eletricidade, o povo da cidade trouxe a geladeira, telefone, rádio, televisão, porém os mais velhos jamais esqueciam de queimar lenha no fogão, porque quem comprava tudo isso tinha o bolso abarrotado de tudo quanto era nota, parecendo o rei do gado, o peão por sua vez ficava no seu canto admirado, agora falo pro senhor, chegou a internet e o jovem não quer mais estudar como antigamente, pois é um tal de mete o dedo, tira o dedo, vira pra lá, vira pra cá e logo aparece a imagem de quem nunca viu na vida, parecendo assombração das histórias contadas pelo ancião que ficava sentado na velha cadeira de balança rodeado de menino por tudo quanto é lado, vamos lá e vai ver que eu não estou mentindo, tem outra coisa, antigamente se escrevia com papel de carta, os correios eram cheios, lotados, e os carteiros, coitados, aquilo tudo não vencia e só chegava atrasado, e pra completar chegou o e-mail, seu João, escreve aqui, sai do outro lado e ninguém vê, e hoje quando quer se comunicar, danou-se, liga na tomada e num botão, aí vai logo perguntando: quero lhe vê, pode ser ou tá difícil? Arriégua, eita mundão véi sem porteira!

(Maria José da Conceição, em 25/10/2016)

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