quarta-feira, 12 de outubro de 2016

A MINHA E A TUA LUZ NUMA VIAGEM ÍNTIMA DA ALMA

Enquanto dorme a cidade e o silêncio predomina naquele ambiente, o menino diz que é feito do puro barro disfarçando as impurezas nas águas salobras do mar e incansavelmente procura a essência em outro barro duro pelo tempo, mas quando viu a presença do amigo pensou em falar, porém o outro fingiu que não o viu e nem ouviu os lamentos saídos do peito fraco daquele jovem, e depois para descartar, ou mesmo disfarçar o embaraço, respondeu,

- Diz para ele que eu lá não estava, foi um equívoco ou uma ilusão de ótica! 

Assim, a criança olha para o céu e naquele momento grita focado na luz ofuscante tão singela, mas não tem claridade suficiente para iluminar o seu “eu” sem janela, 

- Esconde-te na noite, para que outra luz possa então mostrar a luz da lua clareando o mundo inteiro e se eu sofro no íntimo a falta da luz, não ponho em ti a culpa por faltar luz no meu tristonho olhar, ajuda-me neste conflito entre o ser e o querer, porque estou no limite das minhas forças! E a luz respondeu, 

- Não estou aqui para fazer julgamento dos teus sentidos e, se cometeste erros, só o tempo é quem vai dizer e apontar as tuas falhas, eu quero apenas estender o meu ombro e dar-te carinho, pois ouço o descarregamento da tua alma porque se um dia eu precisar também encontrarei apoio em outro ser que surgir à minha frente, mas neste momento aconselho-te, precisas retornar com urgência ao passado e buscar constantemente respostas para as perguntas enigmáticas que fazes, por isso, é necessária uma longa reflexão dos teus sentidos para entender que dentro de si há uma força poderosa que desconheces, a qual com certeza ela dará alento para a dor que estás sentindo, porque a vida é cheia de redemoinhos, não importando a classe social e nem a cor dos olhos. É nessas horas que ele precisa, no embalo dos pensamentos, enxergar quem é o verdadeiro amigo, seguindo assim o curso da vida, então ele saiu caminhando na estrada sem destino certo, a divagar seus pensamentos e não vendo ninguém por perto para lhe ouvir resolve, em dado momento, sentar no chão molhado deste céu nebuloso, era o divã do tempo e lá estava ele, firme lhe observando dos pés a cabeça, porque naqueles difíceis momentos da vida ele precisava mesmo de um ombro amigo, um abraço com os braços do coração, um olhar compreensivo, sutil, principalmente quando estava no limite das suas forças, porque doeu demais quando perde alguém que amava, e esse amor saiu da sua vida de fininho, sem dar nenhuma explicação, deixando o outro à deriva, sem saber o que pensar sobre uma decisão repentina, então o jovem que ficara do outro lado, não soube que atitude tomar, a sua consciência pediu que a procurasse, porém não havia espaço para tal, até porque não sabia o que estava acontecendo e o outro não quis falar, preferiu o silêncio ao invés de esclarecer os reais motivos, tudo mudou, já não era mais como outrora e a distância se fez mais frequente, porém quando houve a possibilidade de um diálogo, resumiu-se apenas em um monólogo curto, sem chance alguma, e a incapacidade de compreender os verdadeiros sentimentos que estão dentro de cada um e não assumir, ou se assume e fala a verdade para o outro, ele simplesmente ignora, talvez porque se achava melhor do que a pessoa que sentia seu mundo desmoronar, sem dar o mínimo valor e o tratou com indiferença, sendo posto em prova todos os dias e ignorado o fato que era realmente incontestável até certo ponto, esse era o seu pensamento, porém as coisas não funcionam como pensamos ou queremos, existem barreiras intransponíveis entre um e outro até certo ponto, então aproveita o fato e faz disso tudo um nevoeiro esbranquiçado, porém quem sofre com isso é quem realmente sente o descaso na pele, no coração e na própria alma, entretanto, a luz quando viu o desespero da criatura, retrocedeu e dessa vez com uma voz carinhosa brotou de uma só vez na consciência do jovem e disse, 

- Estou aqui, vem, segura forte na minha mão e apoia-te, pois sei das tuas fraquezas e por pior que seja o teu problema, jamais te abandonarei. Foi assim que por acaso naquela tarde maluca os amantes não sintonizaram os próprios pensamentos, então começaram a atacar sem limites e quando viram, já era tarde, as palavras vãs fluíram do nada e no nada se perderam, calando aquele casal enigmático, entretanto olhavam-se e podia-se perceber que havia um diálogo íntimo de aprovação ou reprovação...

 (Escritora Mj...12/10/2016)

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