sexta-feira, 3 de novembro de 2017

CONFISSÃO

E assim vai-se aprendendo com a vida...
Na maioria das vezes quem está do outro lado da telinha do computador, faz amizade com alguém, vê as fotos e se falam numa boa, porém cada uma delas tem uma ideia completamente diferente, provavelmente achando que aquela pessoa nunca errou na vida, mas no intuito de um dia acertar, e também não sabe o que o outro teve que enfrentar, mas para encurtar a história, vou citar eu mesma como exemplo, e quem me conheceu no passado, há de lembrar os perrengues enfrentados, os obstáculos encontrados nas estradas, e com quantos leões eu mesma tive que lutar diariamente para chegar a algum lugar, de cabeça erguida, e sem falar que ainda hoje continuo na luta por dias melhores, confesso que eu não sou perfeita e nem quero ser, pois já falhei como filha natural e adotiva, como irmã, namorada, noiva, esposa, amante, companheira, mãe e porque não dizer que falhei também como amiga, e não sou a mulher mais bonita do mundo, mas sou eu mesma, porque para mim o que interessa é a beleza interior, o resto é só matéria que um dia voltará a ser pó, e o cemitério está repleto de orgulhosos, mentirosos, ricos, pobres, pretos, brancos, amarelos, avarentos, e por aí vai, outra coisa, sou uma pessoa que gosta de conversar com os animais, pois sinto que eles me entendem, gosto de comer várias vezes por dia, sou gordinha, não nego, preciso de uma muleta para andar, tenho celulite, e muitas cicatrizes marcadas a ferro e fogo no corpo e na alma pelo tempo e que o próprio tempo jamais poderá apaga-las, porque tenho muito mais passado do que o presente incerto, pois já dormi no chão frio ao relento, passei fome e sede, e como filha legítima, fui enjeitada por meu pai, vendo as lágrimas caírem dos olhos da minha mãe, e diante disso, eu tinha tudo para ser uma pessoa do mal e viver nos caminhos errantes da vida, no entanto almas boas me acolheram, dando-me o necessário para crescer e ser gente, eu fui humilhada por várias ocasiões, eu rejeitei e fui rejeitada, abandonei e fui abandonada, já apontei e fui também apontada, cheguei ao fundo do poço, e na mesma proporção, e com muita coragem e força de vontade, consegui me livrar dele, fui odiada por alguns e por outros, e, se por acaso algum dia eu fui amada, não sei responder, eu só sei que nunca sacaneei ninguém que estava ao meu lado porque ela me completava, permanecia com ela até o dia que ela mesma decidia ir embora sem dar nenhuma satisfação, deixando-me a ver navios e pensativa, chegando inclusive a me sentir a terceira pessoa do seu quase nada, gosto de fazer amizades construtivas, e se eu estiver com alguém ao meu lado, estarei com ela para o que der e vier, gosto de sair sem maquiagem e muitas vezes nem arrumo os cabelos, porém amo mais ainda quando saio arrumada, pintada, escovada e de salto alto por aí, jamais pretenderei ser quem não sou na realidade, até porque nunca precisei apagar a estrela do meu próximo para que a minha estrela brilhasse, confesso ainda que os fantasmas do passado me rodeiam, até hoje eu tenho medo dos trovões e só Deus sabe quantas vezes eu tive e tenho que me esconder embaixo da cama, sem ninguém por perto para me proteger, até passar a tempestade, sem falar que gosto de respeitar o tempo e o espaço do outro e de ter liberdade no meu próprio espaço, porém para tudo existem limites, e eu conheço muito bem os meus, pois quando vejo que não obtenho respostas e o prazo se esgota, eu me afasto numa boa, mesmo sofrendo e você, pode se quiser e desejar, me amar, ou simplesmente me odiar para o resto da sua vida, isso fica ao seu critério, então deixo aqui um pouco desta confissão para que sirva de exemplo a muita gente, as quais pensam ser o centro do mundo, e que Deus nos ajude nessa caminhada, hoje e sempre. Ao ouvir referida confissão, senti as lágrimas inundarem os meus olhos, e aos poucos fui me refazendo para não deixar transparecer que aquilo mexeu comigo, e só não se emociona quem não tiver coração, pois conhecia Saory, porém desconhecia a sua história de vida, e assim, saí daquela pequena casa construída de pau a pique no meio do bosque, em busca de novas aventuras. 
Acadêmica Maria José da Conceição (Mj), em 30/10/2017.

Cadeira 24

Patrono: Luiz Vaz de Camões.
Escritora Mj, em 03/11/2017.

Nenhum comentário:

Postar um comentário