sábado, 1 de julho de 2017

DIÁRIO DE UM CAIPIRA

Que o mês de julho seja repleto de bons fluidos!
Ói, seu moço
O sinhô pode sê inté dotô,
Mai fui criado na roça limpando mato
Amansando cavalo brabo
Tirando leite das vaquinha nos cercados
Pra vendê na cidade
Num tenho cunhecimento de certas coisa
Minhas mão tão cheinha de calo
Pruquê sou trabaiadô
E cuma é triste chegá a veisse
Os cabelo vão caindo
Os zóio incurtando
As pernas trambicando
Cum priguiça de andá
Minhas carne tão sumindo
Tão aparicendo as vêia
Num óio dereito
Tá tudo diminuindo
Crescendo inté as subranceia
E as oiça, coitada, não tão boa
Minhas zoreia armentando.
Eita tempo bão quando era moço!
Danei-me a passiá
Tive muita namorada
O sor tinha um brio especiá
Adepois o destino
Me mostrou uma jovem muito bunita
Na horinha fiquei apaixonado
Casei, meus fios nasceu
Tentei educá pra serem mió do que eu
Hoje tou nessa idade, na decadência
Agora, se quisé acreditá
O pobrema é seu
Mode qui a veisse é uma duença
Qui dá em tudo qui é cristão
E quando chega a idade
Num tem jeito
Dói as perna, dói os braço
Dói os dedo, dói as mão, dói o purmão,
Dói o ispinhaço e inté o carcasso.
Já cunheço a minha condição
Já fui minininho e hoje tou veinho
Usando cajado nas mão
Isperando a sentença chegá
Pra mode saí desse lugar.

Poetisa Mj, em 01/07/2017.

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