sexta-feira, 10 de março de 2017

DESEJOS JUVENIS

Ninguém falou que era fácil seguir e atravessar o deserto dos sonhos desfeitos.
Já fui homem pequenino
Tendo sonho de menino
Andava pelo caminho
Como um eterno aprendiz
Queria desbravar morros e enseadas
Apenas com um pedaço de giz
Tropeçando então quase caí
Mas passei a infância tentando
Os meus desejos juvenis.
Ledo engano quando cresci
Pois eles de repente desapareceram
E rente á estrada que passei
Vi furar o chão do agreste
Em pleno sertão do Nordeste
Dois poços se avizinharam
E a água dali não brotou.
Deparando-me tristonho
Sentei-me na serra quente
E do alto vi com leveza
A beleza exuberante
Encantando a natureza.
Olhei pro céu de repente
Procurei a força interior
E numa súplica desesperada, roguei
Oh, meu Senhor, protegei a nossa sorte,
E de quem espera por milagre!
Deus proteja as nossas flores
Espalhadas no planeta
Com tantos nomes e cores
Pois são elas que trazem alento
Distribuindo perfume como unguento
Para os amores.
Deus proteja nossos campos
Que por falta de irrigação
Hoje choram o pranto
Da quentura da terra
Sem poder gerar a semente
Da alimentação.
Deus proteja a floresta
Que um dia serviu de abrigo
Aos animais de pequeno e grande porte
Porém hoje se encontra vazia
Por causa da destruição
E do fogo que corrói
Não havendo mais habitação.
Deus proteja as aves de arribação
Que com seus voos rasantes
E num cantar inebriado
No sentido figurado
Percorrem o azul infinito
Que elas encontrem a certa pousada
E tragam nova esperança
Pro povo viver contente.
Deus proteja os mares e oceanos
E por falta da chuva
As lagoas e rios
Estão secando lentamente
E a vida ali existente perece
A duras penas na tristeza terrena.
Então hoje sussurro descrente
E os meus ais são levados ao vento
Na nostalgia do tempo.

Escritora Mj, em 10/03/2017

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