quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

PAPAI NOEL EXISTE

"Jardineiro encantado faz a vida florescer..."
Nos arredores da cidade grande, havia uma família de lavradores que morava numa pequena choupana de palha muito pobre, e todos os dias o pai saía para trabalhar no campo às quatro horas da manhã, levando sua única ferramenta de trabalho, a enxada, deixando em casa sua esposa que também tinha a profissão de lavadeira e seus filhos João Lúcio, Inácio, Edite, Francisco e Mabel, todos de menor idade, mas João, o pai, queria que os filhos estudassem por isso não exigia que os mesmos fossem para a roça, a não ser na época da colheita, ocasião que toda ajuda se fazia necessária, porém naquele ano as coisas não saíra como previsto, uma vez que não houve chuva suficiente para sustentar a lavoura, e o alimento na mesa cada dia ficava mais difícil mesmo com a ajuda da mulher porque a lavagem de roupas na cidade também ficara escassa por causa da crise financeira que se alastrou na cidade, era necessário João ganhar algum dinheiro extra para comprar comida, roupas, sapatos e presentear os filhos com qualquer brinquedo no final do ano, salvando o natal dos pequeninos, e mesmo assim ele não desistiu, apesar de receber vários não como resposta dos amigos, dia após dia, mas essa situação não durou muito tempo, suportou o quanto pode, até que de repente, retornando para casa, no pingo do meio dia, e cansado de ver os filhos choramingando pelos cantos, João retirou o chapéu de palha da cabeça, prostrou-se por terra no meio do cercado, sol à pino, e com os olhos banhados em lágrimas, passou a se lamentar,



- Senhor, Senhor, tenho procurado trabalho na região a fim de ganhar algum trocado honestamente, e não encontro ninguém para me ajudar, por favor, estou precisando, me manda cem contos de réis, pois o mês de dezembro chegou trazendo com ele o natal, data em que se comemora o nascimento do filho de Deus numa manjedoura, em meio aos animais, mas o espírito natalino da enganação é visto nas mesas fartas, roupas de marcas famosas, sapatos importados, árvores de todos os tamanhos, enfeitadas e cheias de pisca-pisca, um monte de brinquedos, lojas abarrotadas com novidades, isso é maldade para quem não pode comprar nada para os filhos, o Senhor me desculpe, mas isso é hipocrisia na sociedade, tenho visto os pobres nas calçadas sem teto, gente passando fome, frio e sede, guerra e morte, países que não se entendem, as mãos não se estendem mais como antigamente, é triste não existir amor, só se ouve palavras e mais palavras da boca para fora, tem piedade, Senhor, e aqui expresso sentimentos pelo irmão que sofre porque também sou um deles, o qual fica na espera do seu auxílio...



Ora, cartas e mais cartas vindas de vários lugares eram entregues diariamente pelo carteiro que passava no local, principalmente no mês de dezembro onde as pessoas ficam com os corações mais maleáveis por causa do espírito natalino, bem como pela euforia da missa do galo, das festas e dos comes e bebes na vizinhança, então ele parou de repente, e não era a primeira vez que ouvira por mais de uma semana os lamentos do lavrador João, e no décimo quinto dia, o carteiro apareceu com uma missão muito importante, trazia nas mãos um envelope amarelo endereçado a João que continuava clamando no mesmo lugar e no mesmo horário, era véspera de natal,



- Seu João, bom dia, correspondência para o senhor! O lavrador, que não estava acostumado com a visita do carteiro, ficou surpreso quando o mesmo lhe entregou o envelope lacrado e anônimo, contendo vários selos, e mais surpreso ainda quando o abriu cuidadosamente e viu que o seu desejo tinha sido realizado, e o valente carteiro continuou ali, calado, observando a reação do mesmo, no entanto ao retirar o conteúdo do envelope, João contou nota por nota, noventa contos de réis, ele disse, e no mesmo instante ergue os olhos para o céu a reclamar,

- Senhor, eu lhe pedi cem contos de réis, neste envelope só tem noventa contos, faltam mais dez contos, e o mais grave é que o Senhor me enviou esse dinheiro pelos correios, e agora, quando será que vou receber o restante do dinheiro?

O carteiro ouvira atentamente por longos quinze dias os lamentos daquele homem, e ao retornar para a sua repartição de origem, juntou os amigos, narrou a história do lavrador João, presenciado no cercado distante, e cada um se comoveu com a referida atitude, e passaram a ajudar com o pouco que lhes restavam, até formar aquela quantia, e aquela também fora a única maneira que o referido carteiro encontrou para ajudar o seu irmão necessitado, salvando o natal dele com a família, porém João estava cego e fora incapaz de reconhecer naquele simples gesto do carteiro de que milagres existem e devemos agradecer o tesouro da humildade, pois no mundo ainda há pessoas de bom coração.

(Escritora Mj, em 07/12/2016 - Conto Natalino)

Um comentário:

  1. Ola minha querida amiga muito emotiva e bem escrita sua narrativa gostei muito parabéns felicidades bjos.

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