segunda-feira, 16 de junho de 2025

INACABADO

A natureza expressa tanta beleza que o escritor navega na imaginação!

Sabe aqueles dias que nos encontramos um pouco chateados de quase tudo um pouco?
Pois bem, acordei com uma sensação estranha e não quis permanecer entre quatro paredes, resolvi sair para observar principalmente a natureza. No céu, havia uma lua gigante provocando a aurora boreal, cheia de cores iluminando o grosso gelo da terra. Mais adiante, uma família de ursos, eles estavam famintos há muitos meses mas continuavam fieis a esperar o retorno do amigo querido. Um deles, observou o voo rasante de uma garça que pousou linda e garbosa, ela estava testando as suas pequenas asas, daí, meu pensamento fez uma retrospectiva e bem que eu queria retornar ao passado ao menos num momento para rever aos que lá deixei, e declarar os meus sentimentos, porque as mudanças fazem parte da vida de qualquer espécie.
Ah, pensamentos, parece que você adivinhou, porque neste exato momento, lembrei-me de um episódio ocorrido...uma mãe saudosa e chorosa em forma de desabafos, um dia me procurou e fez-me ler as pequenas letras arredondadas, “...Filho, costumam dizer por aí que relembrar o passado é viver duas vezes e sofrer sei lá quantas. Estava vendo o álbum de fotos, repassando página por página desde seu nascimento, até os dias atuais, e quantas alegrias você trouxe para mim e para o seu pai! Lembrei também que quando nasceu eu vivia com você nos hospitais, sofrendo e sem lhe deixar um só segundo, jamais, pois entendo que mãe é mãe e muito mais do que isso. Os anos foram passando, aí você cresceu, nós o ensinamos tudo para que fosse um homem decente, não lhes faltou nada, pensávamos mais em você do que na gente. Foi para escola, aprendeu a ler, escrever, contar, e eu, sempre ao seu lado continuei, nas horas vagas brincávamos na rua com bola, de esconde-esconde, aprendi a jogar pião, bola de gude, pipa, amarrava cordão nos carrinhos, eu puxava um e você outro, brincamos até de boto, eu na frente a correr, e você correndo atrás. Ah, meu filho, bons tempos aqueles que não voltam mais! Então relembrei o tempo de minha infância, era de ignorância, mas disso não me arrependo, tinha tanta brincadeira que já nem lembro e hoje, o que resta é saudade. Estudei no colégio do governo porque não podia pagar mensalidades, e você, em colégio particular, me sacrifiquei o quanto pude para que você não deixasse de estudar. O caminho correto a seguir foi ensinado, mas se não aprendeu, ou não quis aprender, isso não é problema meu, é só seu. Lembre-se que passei por grandes dificuldades, e até a faculdade tranquei, muito tempo depois consegui terminar. Outra coisa, meu filho, suas asas cresceram, lhe ensinei a voar, dei exemplos da boa vivência e convivência, para não ver o barco afundar, e hoje, vivo na decadência mas sei que a minha consciência está tranquila, no entanto infelizmente só recebo cobranças das coisas que nunca fiz, mas se fiz ou deixei de fazer, foi para você aprender, consertei seus erros, o coloquei na linha para que respeitasse os cabelos brancos de sua mãe que está velhinha. A bênção, minha mãe! Ora, isso eu não ouço e nem vejo mais, porque esse foi seu desejo. Lembre-se do que sempre falei, que você só saberá o valor de uma mãe quando eu aqui na terra não existir mais, e pelo que eu saiba, você também tem filhos os quais não conheço, pense nisso, e quem sabe, um dia eu possa esquecer de tudo isso que passei lá atrás. Obrigada, meu filho...”
Na época que a referida mãe mostrou-me seus desabafos, eu chorei como um bezerro desmamado, e hoje tornei a chorar.
Não venham me dizer que o homem não chora porque isso é tabu. O homem verdadeiro que cultiva sentimentos benignos guardados no peito, chora sim, e por causa disso algumas pessoas me chamam de louco, porém, afirmo que não sou louco, por outro lado um pouco de loucura ou bom senso não fará mal para ninguém.
Eu sou um eterno apaixonado pela vida desprovido de alegorias, porque quero envelhecer com lucidez e sabedoria enchendo principalmente o meu coração de alegria venturosa, apesar de minha alma invernada.
Assim, continuei minha peregrinação até sentir que fui picado por algum inseto...Mas isso é outra história...

Mj, em 16/06/2025.

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