sexta-feira, 5 de outubro de 2018

A VIDA DO NORDESTINO

Pela garra, força e coragem de continuar na luta pela sobrevivência, parabenizo, de coração, o meu povo nordestino! Bom fim de semana.

Bas noite, seu moço, a vida do homi do campo num é lá essas coisa, num sabe, mai eu tava passano pra qui e pra colá, botei as mão nos zóio pra mode inxeigá mio, causo qui pra essas banda o sor tá quente pra daná, e cuma eu tinha lhi prumetido qui ia gravá um vídeo, intão de longe vi uns retrato, num sabe, aí num sabia o qui era aquilo, chamei um muleque, ó minino, vem cá pra mode me dizê se tu cunhece aquela gente, mode qui priciso me prepará pra recebê as visita no arpendre da minha chopana, intonce o meu netim falô qui era tudo dotô formado nas letrinha, e cuma eu num sei lê e nem iscrevê, aí, danou-se, óia eu to arrepindido pra daná de só tê istudado inté parlina mastigô pimenta, e naquele tempo num tinha prefessô de instrução por cá, mai mermo assim eu vim inté vosmicê pra mode agradicê pro causo duma tar de “Imperatris” qui se iscondi lá pros lado das Alagoas, numa cidaderzinha chamada Parmeira dus Indio, falam inté qui ela tamém tá nos retrato, mai eu num cunheço e tenho inté medo de chegá junto dela, pro causo qui ela usa uma tár de muleta, iguarzinho a eu, aí dava pra nois batê um parpo, o sinhô adespois pode mim apresentá pra ela? Ah, i num isqueça, todo domingo eu to isperando o sinhô e essa cambada de minino mai umas minina pra mode nois cumê um sarapaté de pexe, e uma buxada de carangueijo cum farinha seca, e si o sinhô num gostá, eu posso inté fazê um bife do oião ou assá um inspetô de quarterão, e nois come do mermo jeito, cum um bule de café fresco, cuado na horinha, e uma caneca de água do pote pra mode ajudá na digestão. Mai deixa eu contá pro sinhô um causo qui aconteceu cá minha pessoa, abra as oiça pra ouvi, mode qui um certo dia, tava eu sentadinho discansano num banco de praça, aí apariceu um “sarta moita” se dizendo formado e coisa e tár, ele paricia tê uns trinta anos de idade, se num mi ingano, o danado era istudado, com pinta de doutô, tentava me amostrá qui tinha cunhecimento da vida, mai cuma eu num gosto de muito trelelê, arregalei os zóio e dixe:..."Ói, seu Zé, o sinhô pode sê inté dotô, mai eu fui criado na roça limpano mato, amansando cavalo brabo, tirando leite das vaquinhas nos cercados pra mode vendê na cidade, num sabe, e eu num tenho conhecimento de certas coisas, minhas mão tão cheinha de calo, pruquê sou trabaiadô, e cuma é triste chegá a veisse, ispie só, os cabelo vão caino, os zóio incurtando, to inté cum as catarata do Iguaçu, as pernas, coitada, trambicano, cum priguiça de andá, minhas carne tão sumindo, tão aparicendo as vêia, num óio dereito, tá tudo diminuino, crescendo inté as subranceia, as oiça, coitada, não tão boa, pricisa de arguem falá mai arto, minhas zoreia armentando, mai quando era moço, danei-me a passiá, tive muita namorada, o sor tinha um brio ispeciá, adespois o distino me mostrô uma jovem muito bunita, na horinha fiquei apaixonado, casei, meus fios nasceu, tentei educá pra serem mió do qui eu, hoje tou nessa idade, na decadência, agora, se quisé acreditá, o pobrema é seu, mode que a veisse é uma duença, qui dá em tudo qui é cristão, dói as perna, dói os braço, dói os dedo, dói as mão, dói o purmão, dói o ispinhaço e inté o carcasso. Já cunheço a minha condição, já fui minininho e hoje tou veinho, usando cajado nas mão, isperano a sentença chegá, pra mode saí desse lugá...ispi, adespois disso tudin, o homi num quis ouvi mai nada, deu um tiro de carrera, cuma se tivesse um mói de furmiga nas perna! Brigado pru prestá atenção no que inscrevi, viu seu moço, inté mai vê puraí!
Poetisa Mj, em 16/02/2018.

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